Cinco poemas de Renan Sanves
12 de fevereiro de 2022
por Renan Sanves
por Renan Sanves
NO COVIL DOS CRUÉIS
Eles não gostam de poesia
não saem de sua bolha boba
nunca viram um voo rasante
nunca foram além do óbvio
não conhecem discernimento
eles não gostam de poesia
vertem apenas enxofre
competem usando burrice
combinam às escuras
vociferaram afobados
se afogam no próprio ranho.
Eles não gostam de poesia
faturam descarados
fatiam fortunas
falseiam informações
promovem o ódio insano
celebram a ignorância tétrica
padecem em suas padiolas
Eles se nivelam por baixo
delatam-se deleitosamente
orgulham-se de suas máculas
execráveis, pusilânimes.
Apodrecem pobremente
nas raias da hipocrisia.
Vivem e morrem repugnantes
eles não gostam de poesia.
PÉRPETUO SOCORRO
Preciso do estalo
do estofo anímico
do antídoto acurado
do esgar
regalo, regaço, recanto
para que eu não me encerre num pranto macabro
para que eu não sofra de uma falência múltipla
preciso do faro
do beijo roubado
do frêmito insano
do inflo
recosto, respiro, revoada
para que eu responda sem o menor constrangimento
para que eu insufle com a maior complacência
para que eu abrigue os melhores brios
os maiores brilhos
para que eu enjeite os motejos
para que eu suporte as injúrias
preciso do fulcro, do flanco, da flama
preciso do prisma
que aponta rijo e inconsequente
como é que se ama.
SEM ÓRBITA
Confesso que ainda me atrapalho
retalhos da lida ainda em suspenso
meu senso de humor oscilando
ando nada circunspecto
perto, longe
ando meio incerto
acomodando os breus
Navalha-me Deus!
que a confusão não finda
confesso que ando
desperdiçando a vida.
UNS E OUTROS
Os dependentes e os descrentes
os dotados, os portadores de fobias
os lesados e suas multiplicadas manias
os estorvos de família
os que carregam culpas eternas
os que fazem vigília
os ingênuos, os obscenos
assalariados, pensionistas, desempregados
os que fabricam substâncias
os bobos alegres, os depressivos
os que não saíram da infância
os que olham pro futuro
os que tem medo do escuro
e também do claro
preguiçosos, orgulhosos, avaros
os que se inibem com facilidade
os que transbordam maturidade
malhados, magrelos
os de cabelo amarelo
poetas, circenses, sagitarianos
os que acreditam que contatam marcianos
os rebeldes, os bonitos, os feios
os que não se enquadram em nenhum meio
aceito a todos pois sou de enleio.
AD INFINITUM
Dos erros repetidos
só quero
os mais divertidos.
Eles não gostam de poesia
não saem de sua bolha boba
nunca viram um voo rasante
nunca foram além do óbvio
não conhecem discernimento
eles não gostam de poesia
vertem apenas enxofre
competem usando burrice
combinam às escuras
vociferaram afobados
se afogam no próprio ranho.
Eles não gostam de poesia
faturam descarados
fatiam fortunas
falseiam informações
promovem o ódio insano
celebram a ignorância tétrica
padecem em suas padiolas
Eles se nivelam por baixo
delatam-se deleitosamente
orgulham-se de suas máculas
execráveis, pusilânimes.
Apodrecem pobremente
nas raias da hipocrisia.
Vivem e morrem repugnantes
eles não gostam de poesia.
PÉRPETUO SOCORRO
Preciso do estalo
do estofo anímico
do antídoto acurado
do esgar
regalo, regaço, recanto
para que eu não me encerre num pranto macabro
para que eu não sofra de uma falência múltipla
preciso do faro
do beijo roubado
do frêmito insano
do inflo
recosto, respiro, revoada
para que eu responda sem o menor constrangimento
para que eu insufle com a maior complacência
para que eu abrigue os melhores brios
os maiores brilhos
para que eu enjeite os motejos
para que eu suporte as injúrias
preciso do fulcro, do flanco, da flama
preciso do prisma
que aponta rijo e inconsequente
como é que se ama.
SEM ÓRBITA
Confesso que ainda me atrapalho
retalhos da lida ainda em suspenso
meu senso de humor oscilando
ando nada circunspecto
perto, longe
ando meio incerto
acomodando os breus
Navalha-me Deus!
que a confusão não finda
confesso que ando
desperdiçando a vida.
UNS E OUTROS
Os dependentes e os descrentes
os dotados, os portadores de fobias
os lesados e suas multiplicadas manias
os estorvos de família
os que carregam culpas eternas
os que fazem vigília
os ingênuos, os obscenos
assalariados, pensionistas, desempregados
os que fabricam substâncias
os bobos alegres, os depressivos
os que não saíram da infância
os que olham pro futuro
os que tem medo do escuro
e também do claro
preguiçosos, orgulhosos, avaros
os que se inibem com facilidade
os que transbordam maturidade
malhados, magrelos
os de cabelo amarelo
poetas, circenses, sagitarianos
os que acreditam que contatam marcianos
os rebeldes, os bonitos, os feios
os que não se enquadram em nenhum meio
aceito a todos pois sou de enleio.
AD INFINITUM
Dos erros repetidos
só quero
os mais divertidos.