Quatro poemas de Davi Kinski
16 de abril de 2022
Seleção João Gomes
Seleção João Gomes
Alfândega
Tirei das dobras
De mim
Essa Balsa
Gris
Que na memória
Cria uma bolha
E estoura A melancolia
E então
Negociei
Comigo mesmo
O que vinha
Ou ia
Tinha agora
Visto
Selo oficial
Delírio vasto
Com poesia
Prêt-à-Porter
Depois do flash
Capturei Teu beijo
Com certo azul
No corpo
Vesti avenidas
Destravando
Aquela mania
De impossibilidades
Que tateiam
A alma
Na curva
Do poema
Bati
De frente A imagem
Daquela Polaroid
Borrada
Dos anos 80
A memória
É feito moda
Que desfila
Com a coleção
Dos fotogramas
De qualquer
Estação.
Pela Fechadura
Olhei de viés
o entortar
das formas
e o jazz
nas estações
pelas quais o espanto
desfila o duelo
da solidão
notas
entoadas como
touradas
de cólera sagrada
catei com intuição
de trapezista
o despencar
de um beijo
um movimento
de refletor
em prata madrugada
assim
vou subindo
pelos túneis
vastos
do desejo.
Valsa em Vão
Tudo é possível
Mesmo nos fracassos
Como degustar
Um bom vinho
De fundo amargo
E cheiro frutado
Com vista
Larga
E solidão
Não tem segredo
Desafogue
Esses olhos
Vista a pele
Do que não
Tem nome
Nem chão
Nem forma
Fica atrás
Do silêncio
Na poeira
Do que almejo
Na náusea
Da insatisfação
Persegue
Essa valsa
Colérica pausa
Nas pontes
De safena
Desse dia chuvoso
Desentorte esse
Labirinto ardiloso
Reinvente
Tua própria
Dor
O sentido
Da tua evolução
E então
Tudo será possível
Dentro
Desses seus
Espaços ocos
E os seus
Vãos.
Tirei das dobras
De mim
Essa Balsa
Gris
Que na memória
Cria uma bolha
E estoura A melancolia
E então
Negociei
Comigo mesmo
O que vinha
Ou ia
Tinha agora
Visto
Selo oficial
Delírio vasto
Com poesia
Prêt-à-Porter
Depois do flash
Capturei Teu beijo
Com certo azul
No corpo
Vesti avenidas
Destravando
Aquela mania
De impossibilidades
Que tateiam
A alma
Na curva
Do poema
Bati
De frente A imagem
Daquela Polaroid
Borrada
Dos anos 80
A memória
É feito moda
Que desfila
Com a coleção
Dos fotogramas
De qualquer
Estação.
Pela Fechadura
Olhei de viés
o entortar
das formas
e o jazz
nas estações
pelas quais o espanto
desfila o duelo
da solidão
notas
entoadas como
touradas
de cólera sagrada
catei com intuição
de trapezista
o despencar
de um beijo
um movimento
de refletor
em prata madrugada
assim
vou subindo
pelos túneis
vastos
do desejo.
Valsa em Vão
Tudo é possível
Mesmo nos fracassos
Como degustar
Um bom vinho
De fundo amargo
E cheiro frutado
Com vista
Larga
E solidão
Não tem segredo
Desafogue
Esses olhos
Vista a pele
Do que não
Tem nome
Nem chão
Nem forma
Fica atrás
Do silêncio
Na poeira
Do que almejo
Na náusea
Da insatisfação
Persegue
Essa valsa
Colérica pausa
Nas pontes
De safena
Desse dia chuvoso
Desentorte esse
Labirinto ardiloso
Reinvente
Tua própria
Dor
O sentido
Da tua evolução
E então
Tudo será possível
Dentro
Desses seus
Espaços ocos
E os seus
Vãos.
Davi Kinski é formado pela Academia Internacional de Cinema, dirigiu sete curtas-metragens. Publicou Corpo partido (Ed. Patuá, poesia), o livro biográfico Pasolini, do Neorrealismo ao Cinema Poesia (Ed. Laranja Original) e a antologia 70 x Caio (Ed. Patuá) onde 70 poetas contemporâneos homenageiam Caio Fernando Abreu.
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