Quatro poemas de Flavia Ferrari
16 de abril de 2022
Seleção João Gomes
Seleção João Gomes
Séculos
Querer não basta
É preciso rastejar pelo território sem trincheiras
Sob as balas que cruzam e tiram a pele
Sonhar de nada vale
É preciso subir ao palco e assassinar o rei
Desligar o som e encerrar o show
Viver não é suficiente
É preciso morrer cem vezes
E outras tantas
Para que o tempo seja generoso
E restaure o humano revolucionário
Que possa enfim descansar
Sem sentinelas
Sobre a terra que lhe foi devolvida
Nada
Nunca viajei a lugar nenhum
Nunca deixei esta casa
E vejo pela janela esta rua de asfalto
Que a cada década
Recebe um novo pavimento
Anseio pela máquina
Cheiro de química asfáltica
Que cobre a antiga rua
Gasta pela chuva pelo atrito
Pelo vento que movimenta os elementos
Pelos passos dos que saem
Pelos carros pelos ônibus pelas rodas
Pelo bicho por tudo o que aqui encontra rota
Menos por meus passos
Estanques
Que não pisam na rua em frente à casa
(talvez em sonho)
Sei que qualquer passo
Haverá de passar um dia pelo asfalto
Serei quando?
Lugar nenhum
Um barco à deriva
Por mais que esteja perdido
Tem como endereço
Um oceano
Um rio
Um nome
Um porto
Uma mente à deriva
Por mais que esteja lúcida
Perde-se em lugares sem endereço
Sem nome
Sem gente
Sem margem
Em silêncio
Caminho
Estou entre
A imobilidade e a excelência
A obstinação e a o abandono
A dança e o adormecer
A consciência e o delírio
Falto pouco
Falta muito
Falta direção
Falta companhia
Estamos (todos)
Entre a vida e a morte
Em que parte do caminho?
Há tempos ando em círculos
Melhor recomeçar
Querer não basta
É preciso rastejar pelo território sem trincheiras
Sob as balas que cruzam e tiram a pele
Sonhar de nada vale
É preciso subir ao palco e assassinar o rei
Desligar o som e encerrar o show
Viver não é suficiente
É preciso morrer cem vezes
E outras tantas
Para que o tempo seja generoso
E restaure o humano revolucionário
Que possa enfim descansar
Sem sentinelas
Sobre a terra que lhe foi devolvida
Nada
Nunca viajei a lugar nenhum
Nunca deixei esta casa
E vejo pela janela esta rua de asfalto
Que a cada década
Recebe um novo pavimento
Anseio pela máquina
Cheiro de química asfáltica
Que cobre a antiga rua
Gasta pela chuva pelo atrito
Pelo vento que movimenta os elementos
Pelos passos dos que saem
Pelos carros pelos ônibus pelas rodas
Pelo bicho por tudo o que aqui encontra rota
Menos por meus passos
Estanques
Que não pisam na rua em frente à casa
(talvez em sonho)
Sei que qualquer passo
Haverá de passar um dia pelo asfalto
Serei quando?
Lugar nenhum
Um barco à deriva
Por mais que esteja perdido
Tem como endereço
Um oceano
Um rio
Um nome
Um porto
Uma mente à deriva
Por mais que esteja lúcida
Perde-se em lugares sem endereço
Sem nome
Sem gente
Sem margem
Em silêncio
Caminho
Estou entre
A imobilidade e a excelência
A obstinação e a o abandono
A dança e o adormecer
A consciência e o delírio
Falto pouco
Falta muito
Falta direção
Falta companhia
Estamos (todos)
Entre a vida e a morte
Em que parte do caminho?
Há tempos ando em círculos
Melhor recomeçar