Cinco poemas de Júnia Paixão
21 de janeiro de 2022
por Júnia Paixão
por Júnia Paixão
Dizem que um meteoro
atravessou o céu da cidade
tal um cometa
me apaixono por estrelas
extintas há milhões de anos
e as venero em poemas noturnos
o meteoro caiu algures, a
estrela amada está morta, e
você não atende o celular.
SESSÃO DA TARDE
A panela de pressão chia
Apressando o cozer da carne
Dos sentidos
Teimosos em arder
A peste ronda
Garganta
Nariz
Alma cansada
De tanto esperar
Casa, quarto, telas
Máscara, álcool, isolamento
reprise insossa
Numa tarde qualquer em frente à TV.
TARDES
Gosto das tardes. Elas carregam um cansaço, uma preguiça, um pedido de pausa, uma melancolia. Tardes de calor param o mundo, e nem mesmo as folhas das árvores ousam se balançar, para não espantar a espera. Tardes de frio pedem café quente, sofá com cobertas e recolhimento. Tardes de casa vazia, silêncio que acorda sentimentos, aperta saudades. Tardes de chuva me levam de volta à infância, embalam tristezas e acendem desejos. Sempre acordo esperando a tarde, pra mergulhar em poesia.
FORMIGAS
Menina ainda
Por horas estudava as formigas
Operárias eternas.
Mal sabia, alma proletária,
Perenemente carregaria
Folhas-palavras.
DESORDEM
Anoto em pedaços de papel avulsos
nomes de livros, autores, pensamentos.
Depois arquivo, penso esperançosa
um dia organizar todos os meus desejos
materiais e impalpáveis.
Acho vez em quando
em cadernos antigos, gavetas repletas, bolsos esquecidos
frases e títulos, poemas, rascunhos, inícios, ideias.
Me escapa a capacidade de ordenação
sou caos, com boa intenção.
atravessou o céu da cidade
tal um cometa
me apaixono por estrelas
extintas há milhões de anos
e as venero em poemas noturnos
o meteoro caiu algures, a
estrela amada está morta, e
você não atende o celular.
SESSÃO DA TARDE
A panela de pressão chia
Apressando o cozer da carne
Dos sentidos
Teimosos em arder
A peste ronda
Garganta
Nariz
Alma cansada
De tanto esperar
Casa, quarto, telas
Máscara, álcool, isolamento
reprise insossa
Numa tarde qualquer em frente à TV.
TARDES
Gosto das tardes. Elas carregam um cansaço, uma preguiça, um pedido de pausa, uma melancolia. Tardes de calor param o mundo, e nem mesmo as folhas das árvores ousam se balançar, para não espantar a espera. Tardes de frio pedem café quente, sofá com cobertas e recolhimento. Tardes de casa vazia, silêncio que acorda sentimentos, aperta saudades. Tardes de chuva me levam de volta à infância, embalam tristezas e acendem desejos. Sempre acordo esperando a tarde, pra mergulhar em poesia.
FORMIGAS
Menina ainda
Por horas estudava as formigas
Operárias eternas.
Mal sabia, alma proletária,
Perenemente carregaria
Folhas-palavras.
DESORDEM
Anoto em pedaços de papel avulsos
nomes de livros, autores, pensamentos.
Depois arquivo, penso esperançosa
um dia organizar todos os meus desejos
materiais e impalpáveis.
Acho vez em quando
em cadernos antigos, gavetas repletas, bolsos esquecidos
frases e títulos, poemas, rascunhos, inícios, ideias.
Me escapa a capacidade de ordenação
sou caos, com boa intenção.
Poeta, escritora, professora da rede estadual de MG, Júnia Paixão nasceu no Amapá, cresceu em Belo Horizonte e reside em Carmo da Mata/MG. Autora de 6 livros de poesia. Seus mais recentes trabalhos são o E-book gratuito Entre Paredes (2020), a publicação cartonera Gotas, pingos, grãos (2021) e o livro infantil Poesia ao pé do Ouvido (2021). Têm diversos poemas publicados em Antologias, é integrante dos coletivos femininos Coletivo Vira Verbo e Rosas Literárias. Organizadora da Flicar – Festa Literária de Carmo da Mata e do projeto Flicar Conversando. Editora das Antologias Poéticas Poetizar (2014 – 2021)
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