Seis poemas de Mô Ribeiro
16 de abril de 2022
Seleção João Gomes
Seleção João Gomes
TERÇA E QUINTA
Uma santidade faz
que vai baixar
que vai trazer alívio
que vai mostrar que santidade
Existe.
Mas santidade não se faz:
será porque não existe?
será porque ansiedade
Não existe?
Amanhã eletrochoque acontece:
primeiro deitar na cama
depois as cerquinhas da cama
e a tira de... borracha?
ao redor da testa.
Amanhã eletrochoque acontece:
gel nas têmporas
borracha amarrada forte no braço
a agulhada e...
o apagão.
Por fim a leseira
a amnésia
a cambaleância
E o maior prazer de todos os tempos
de beber água.
AS PALAVRAS SE MISTURAM A ESMO
Não tenho assunto.
Os cães da vizinhança
Começaram a latir.
Pessoas tomam cerveja
No bar cá perto.
A geladeira silenciou.
Meu celular tem
97% de bateria.
Ouço carros passando
Na rua
(agora é uma moto)
Agora o celular está
em 98%
Começou uma música
Que não sei qual é.
O bicho vizinho que uiva
Uivou.
Narro o que acontece:
O sobretudo da coisa
É o que ouço.
Antes sem assunto
Descobri a banalidade
Para contar.
Celular: 99%.
Queria estar no bar.
Antes que me encontrasse
Me perdi.
O caso é que sozinha
Sempre fui.
'Meu lugar'
Expressão sempre
Misteriosa.
De onde vim?
Onde estou?
Praonde irei?
Não sei.
Se saberei?
Eu não.
Não entendo o relógio das galinhas
O meu é o inverso
Entendo o susto das galinhas
Sou assustada
Sou e não sou galinha
Às vezes
Quando consigo
Dou pra cantar de galo
É raro
DESCALÇADA
eu andava só de calça
não achava que merecia vestido
mas agora
de vestido
é que eu ando vestida
A DESALADA
Sentia-me desalada
Num mundo de portadores de asas.
Aquela que despencava
Que se estatelava no chão
Pediam-me fé, esperança.
Sem asas, ai...
Não sei explicar a desesperança não.
E nem me peçam pra saber.
E não: eu não consegui dizer o que sinto.
Sinto muito.
Uma santidade faz
que vai baixar
que vai trazer alívio
que vai mostrar que santidade
Existe.
Mas santidade não se faz:
será porque não existe?
será porque ansiedade
Não existe?
Amanhã eletrochoque acontece:
primeiro deitar na cama
depois as cerquinhas da cama
e a tira de... borracha?
ao redor da testa.
Amanhã eletrochoque acontece:
gel nas têmporas
borracha amarrada forte no braço
a agulhada e...
o apagão.
Por fim a leseira
a amnésia
a cambaleância
E o maior prazer de todos os tempos
de beber água.
AS PALAVRAS SE MISTURAM A ESMO
Não tenho assunto.
Os cães da vizinhança
Começaram a latir.
Pessoas tomam cerveja
No bar cá perto.
A geladeira silenciou.
Meu celular tem
97% de bateria.
Ouço carros passando
Na rua
(agora é uma moto)
Agora o celular está
em 98%
Começou uma música
Que não sei qual é.
O bicho vizinho que uiva
Uivou.
Narro o que acontece:
O sobretudo da coisa
É o que ouço.
Antes sem assunto
Descobri a banalidade
Para contar.
Celular: 99%.
Queria estar no bar.
Antes que me encontrasse
Me perdi.
O caso é que sozinha
Sempre fui.
'Meu lugar'
Expressão sempre
Misteriosa.
De onde vim?
Onde estou?
Praonde irei?
Não sei.
Se saberei?
Eu não.
Não entendo o relógio das galinhas
O meu é o inverso
Entendo o susto das galinhas
Sou assustada
Sou e não sou galinha
Às vezes
Quando consigo
Dou pra cantar de galo
É raro
DESCALÇADA
eu andava só de calça
não achava que merecia vestido
mas agora
de vestido
é que eu ando vestida
A DESALADA
Sentia-me desalada
Num mundo de portadores de asas.
Aquela que despencava
Que se estatelava no chão
Pediam-me fé, esperança.
Sem asas, ai...
Não sei explicar a desesperança não.
E nem me peçam pra saber.
E não: eu não consegui dizer o que sinto.
Sinto muito.